Nutrição Clínica

Nutrição para Diabético

Diabetes mellitus (DM) é um importante e crescente problema de saúde, apresentando uma estimativa atual de 425 milhões de pessoas com diabetes no mundo. Consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente decorrente da deficiência na produção de insulina ou na sua ação.
O diabetes classifica-se em:
Diabetes tipo 1 – doença autoimune ocasionando deficiência completa na produção da insulina;
Diabetes tipo 2 – etiologia multifatorial. Com forte herança familiar, com contribuição de fatores alimentares (nutricionais) e sedentarismo;
Diabetes gestacional;
• Os outros tipos de diabetes menos comuns: decorrentes de defeitos genéticos, doenças do pâncreas, síndrome genéticas, infecções, etc.

O objetivo do tratamento do paciente com diabetes mellitus é o bom controle metabólico, diminuindo o risco de desenvolver complicações. Para avaliação do controle da glicemia usamos a hemoglobina glicada (HbA1c), as glicemias capilares diárias, o desvio padrão. Para tal controle e necessário que se faça a monitorizarão diária da glicemia. Que favorece estratégias para tratar ou evitar glicemias fora do alvo. A tecnologia tem desenvolvido enumeras ferramentas que favorecem de forma cada vez mais eficiente a automonitorização como glicosímetros, bombas de insulina.
O tratamento do diabetes envolve a mudança de estilo de vida – reeducação alimentar e prática regular de atividade física, terapia medicamentosa e insulinização.

Tratamento nutricional:

O acompanhamento nutricional está na base do tratamento e bom controle do individuo com diabetes. O diabetes é uma das doenças que mais demanda de um controle alimentar individualizado e bem planejado e para isso é necessário o acompanhamento por um profissional nutricionista.
Durante muitas décadas acreditava-se que a dieta para o indivíduo com diabetes tinha que ser restritiva com exclusão de vários alimentos, inclusive algumas frutas e massas. O consumo do açúcar comum (sacarose) era proibido. Contudo após estudo realizado em 1993, houve uma modificação na composição nutricional da dieta para o diabético. A partir dai o consumo do açúcar (sacarose) por parte dos pacientes diabéticos passou a ser possível, desde que calculado dentro da quantidade diária de carboidratos indicada para o bom controle da glicemia pós-prandial (após refeição) do diabético.
Evidências cientificas comprovam que a intervenção nutricional tem grande impacto na redução da hemoglobina glicada (HbA1c) dos pacientes portadores de diabetes tipo 1 e tipo 2, após acompanhamento por profissional nutricionista por um período de no mínimo 03 a 06 meses, independente do tempo que o paciente tenha o diagnóstico de diabetes mellitus.
Alem de exercer papel indispensável no tratamento do diabetes, o acompanhamento nutricional e conduta alimentar individualizada vêm sendo implementada como um dos principais fatores na prevenção do diabetes tipo 2 e tratamento do pré-diabetes. Levando em consideração que o excesso de peso é um dos principais requisitos para desenvolvimento do diabetes tipo 2, a perda de peso estruturada em um plano alimentar balanceado e individualizado é muito importante. Dietas baseadas no estilo alimentar mediterrâneo, associada a um plano alimentar de baixa caloria, tem sido implementado com sucesso no tratamento do Pré-diabetes e prevenção do diabetes tipo 2.
Muitos estudos tem demonstrado que o plano alimentar balanceado em todos os grupos alimentares tem sido mais eficiente neste processo de tratamento do pré-diabetes do que a restrição na ingestão alimentar de algum nutriente, como o carboidrato por exemplo.
O plano alimentar deve ser fracionado em 05 a 06 refeições, com equilíbrio entre macro e micronutrientes.
• Macronutrientes – carboidratos, fibras, proteínas e lipídios;
• Micronutrientes – vitaminas e minerais;
A gestante com diabetes deve ser avaliada de forma individualizada, levando em consideração IMC (índice de massa corporal) pré-gestacional, atividade física realizada; crescimento e desenvolvimento fetal e alteração ponderal (peso) da gestante durante a gestação.
As crianças e adolescentes devem ser orientados nutricionalmente imediatamente após o diagnóstico do diabetes. A orientação nutricional deve respeitar a variação da sensibilidade a insulina que ocorre com o crescimento e maturação sexual.
É importante acompanhar ganho e perda de peso involuntário aos idosos. Nesta fase da vida ocorrem alterações fisiológicas (aumento de tecido adiposo e perda de massa muscular, dificuldade de mastigação e deglutição, alteração no funcionamento intestinal...) que dificultam o bom controle da glicemia. Sendo assim, busca a orientação nutricional através de um plano alimentar individualizado associado à prática de atividade física para promover uma mudança de estilo de vida. Estes cuidados são fundamentais na prevenção e no controle do diabetes mellitus, favorecendo a redução de açúcar no sangue e o controle nas taxas de colesterol e triglicérides. Além disso, tem-se como opção de tratamento dietoterápico a contagem de carboidratos, que proporciona maior flexibilidade alimentar.

Dra Renata Sanches
Nutricionista – CRN 5/1814